De sensores para reduzir as necessidades de energia das máquinas até um concreto menos poluente, a Inteligência Artificial (IA) pode contribuir para descarbonizar a indústria? Essa é a aposta de diversas empresas. Algumas companhias emergentes, como a americana Watershed, a alemã Carbme e a francesa Greenly, propõem medir e reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas indústrias.
Para além do ChatGPT, que gera polêmica, o uso da IA tem várias aplicações, em particular para proporcionar maior rastreabilidade, elemento principal da descarbonização.
Nesse contexto, a IA pode desempenhar um papel importante, avalia Geoffroy Petit, especialista no tema para a empresa BearingPoint. "Uma de suas funções é sua capacidade de reconstruir parte dos dados, e projetá-los para proporcionar estimativas sobre as emissões relacionadas a um produto que sejam as menos equivocadas possíveis", explica.
Impacto ambiental
Algumas indústrias embarcaram no processo, como a empresa francesa Suez com seu programa Aquadvanced, para otimizar a gestão das redes de água, ou a empresa alemã Siemens, com um dispositivo para medir as emissões ao longo de toda a cadeia de valor. A empresa americana Meta colaborou com a Universidade de Illinois no ano passado no desenvolvimento de um algoritmo para criar concretos menos poluentes.
Além da descarbonização de processos e produtos, a IA também pode ajudar na tomada de decisões empresariais.
Por exemplo: Se uma empresa deveria demolir um prédio e reconstruí-lo com materiais mais ecológicos ou reutilizar parte do local e reconstruir a outra parte com materiais reciclados?
O setor digital representa entre 3% e 4% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, de acordo com um relatório da Agência de Transição Ecológica (Ademe) e da Arcep, autoridade reguladora das telecomunicações, na França.
"A questão do retorno do investimento, do ponto de vista ambiental, dessas infraestruturas digitais em relação aos benefícios e promessas envolvidas ainda é algo pouco verificado atualmente", alerta Génin.
Além disso, é necessário que as empresas estejam dispostas a implantar as ferramentas, com potenciais custos adicionais a curto prazo.
Os especialistas apontam para uma mudança de mentalidade, embora lenta.
"Antes, as empresas nos procuravam dizendo: 'Tenho um problema de qualidade para resolver'. Hoje, elas dizem: 'Tenho um problema de qualidade e também quero medir meu impacto ambiental'", destaca Pinault.
Para motivar as empresas, o ideal seria que as medidas ambientais resultassem em economia. "Quando se combinam os aspectos financeiros e climáticos, as empresas tomam decisões muito mais rapidamente", afirma Petit.
Fonte; Exame
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